Conheça as vantagens e diferenças, segundo o Dr. Eduardo Perin, médico psiquiatra, CRM SP 112873, especialista em Cannabis Medicinal, sócio fundador da Associação Panamericana de Medicina Canabinoide (APMC) e vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina Canabinoide.
A maioria dos produtos à base de Cannabis para uso médico consiste em óleos contendo canabinoides – como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) – além de terpenos, que são óleos aromáticos da planta que também possuem propriedades medicinais, flavonoides e outros ácidos graxos.
O problema de compostos oleosos como os extratos de Cannabis é que, o fato de não serem solúveis em água dificulta muito a absorção desses produtos. Para se ter uma ideia, apenas 2% a 14% dos canabinoides ingeridos via oral se tornam, efetivamente, disponíveis para utilização pelas células do nosso corpo. Para agir em nosso organismo, os canabinoides, terpenos e todos os outros compostos da planta, necessitam interagir com receptores presentes na superfície celular para ativar todas as modificações que são necessárias para sua atuação nas diferentes patologias.
A porcentagem de um medicamento que é, de fato, “aproveitado” por nosso organismo em sua função nas células é chamada de biodisponibilidade. Quando esses óleos são mantidos debaixo da língua por pelo menos 60 segundos antes de serem ingeridos, uma parte desses compostos caem na corrente sanguínea de nossa cabeça e pescoço sem serem degradados pelo fígado, aumentando sua biodisponibilidade entre 6% e 20%. Mesmo desta maneira, percebe-se que a maior parte do que é consumido como medicamento acaba sendo degradado antes mesmo de sua ação nos receptores presentes na superfície celular.
A nanotecnologia quebra partículas oleosas grandes, contendo canabinoides, terpenos, flavonoides e outros óleos de difícil absorção, em micropartículas que se tornam solúveis em água, aumentando muito sua absorção e, portanto, sua biodisponibilidade. Estima-se que, graças à nanotecnologia, os produtos hidrossolúveis apresentam até dez vezes maior biodisponibilidade do que os produtos oleosos, além de serem mais facilmente administrados, podendo ser diluídos em água ou suco.
Por conta dessa maior biodisponibilidade, os produtos hidrossolúveis alcançam picos plasmáticos, aproximadamente, três vezes maiores durante as primeiras quatro horas após a tomada do que aqueles que são vistos com os extratos oleosos de Cannabis, e que permanecem significativamente mais elevados do que os que se veem com extratos oleosos. O tempo de eliminação do produto do organismo, por outro lado, não difere dos extratos oleosos comuns. Portanto, é possível utilizar dosagens bem menores do que as que utilizamos com extratos oleosos para alcançar os mesmos resultados clínicos, o que representa uma vantagem tanto na hora de tomar o produto, quanto nos custos do tratamento, que acabam ficando menores.
Em resumo, os produtos hidrossolúveis são utilizados para as mesmas indicações clínicas que os extratos oleosos de Cannabis, em doses mais baixas e com iguais resultados. A nanotecnologia tem sido utilizada para modificação de partículas de medicamentos em várias áreas da medicina, e recentemente, também na área da Cannabis medicinal, é uma inovação farmacêutica que tende a ser cada vez mais utilizada pelos médicos e pelos pacientes.
SOBRE O DR. EDUARDO PERIN (CRM SP 112873)
2003 – Médico pela Faculdade de Medicina de Marília (Famema)
2007 – Psiquiatra e Psicoterapeuta pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
2006-2016 – Colaborador, Pesquisador e Supervisor de Residentes do CenTOC da Unifesp
2013 – Formado no Curso de Especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência (Cesmia) da Unifesp
2015 – Terapeuta Sexual pelo Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex)
2016 – Terapeuta Cognitivo-Comportamental pela Universidade de São Paulo (USP)
2020 – Mestrando pela Unifesp
Desde 2018 –Médico Prescritor de Cannabis Medicinal
2020 – Associado da Sociedade Brasileira de Estudos em Cannabis Medicinal (SBEC)
2022 – Especialista em Cannabis Medicinal pela Inspirali
2022 – Sócio Fundador da Associação Panamericana de Medicina Canabinoide (APMC)
2022 – Vice-Presidente da Associação Brasileira de Medicina Canabinoide